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Infelizes à sua maneira

Posfácio por Felipe Charbel

Um acervo fotográfico de quase cem anos é o ponto de partida de Lucas Verzola para montar este álbum-livro. Atormentado por memórias do cotidiano de sua própria família, o autor constrói uma série de narrativas curtas, combinando textos de hoje com retratos de ontem – alguns tirados há mais de um século –, e convida o leitor a percorrer a intransponível ponte entre a suposta objetividade da imagem e a abertura imaginativa da palavra. É assim que acessamos, por um buraco de fechadura, o inadequado Jacinto, que usa sempre o mesmo par de sapatos; Josefa, que se manda de casa sem deixar bilhete; o cantor de bailes Ronilson de Freitas; e o prodígio Miguelzinho, que aprendia a tabuada do seis e subitamente murchou. Estes e outros personagens deste inquérito ficcional encarnam um Brasil que, décadas depois, seguiria assombrado pelos mesmos espectros. Entre a candura do amor de primos e a força bruta dos bondes, o pacto vil de homens honrados e uma panela queimando no fogo, o autor desobstrui brechas íntimas que nos permitem espiar, curiosos, vidas que bem podiam ser a nossa, infelizes à nossa maneira.

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Sobre a revista

Ficha técnica

Título: Infelizes à sua maneira
Autor: Lucas Verzola
Posfácio: Felipe Charbel
Ano: 2024
Gênero: Contos
Nº de páginas: 94
Encadernação: Brochura
Formato: 14,5 x 19,5 x 1,3 cm
Peso: 260g
Tiragem: 800 exemplares
ISBN: 978-65-88104-27-9


Coordenação editorial: Laura Del Rey
Edição e preparação de texto: Laura Del Rey e Victor Pedrosa Paixão
Revisão de texto: Ana Mendes e Ce Oliveira [posfácio]
Capa, projeto gráfico e tratamento de imagens: Letícia Lampert
Produção gráfica: Laura Del Rey e Letícia Lampert
Assistência editorial: Fernanda Heitzman
Catalogação: Ruth Simão Paulino

Sobre o(a) autor(a)

Lucas é Verzola, mas também Oliveira Campos e poderia muito bem ter sido Palumbo, Bueno, Bernardi, Gentile, Alicce, Sperti, Grandi: sobrenomes sonegados que conseguiu rastrear. Além de escritor, é arqueólogo de memorabília e uma espécie de guardião das fotografias da família. Sua preferência pela ficção – que o fez largar o curso de história para se formar em direito – opera como força motriz deste livro, em que a fidedignidade dos retratos tem sua tenacidade confrontada por realidades imaginadas. Em vidas passadas, publicou os livros de contos A última cabra (2019) e Em conflito com a lei (2016), ambos pela editora Reformatório, e São Paulo depois de horas (2014), pela editora Patuá. Fundou a revista Lavoura e o escritório de roteiros Terceira Margem, tem pós-graduação em direção teatral, pesquisa narrativas breves e atua eventualmente em quase todas as etapas do processo editorial.

Para ler a biografia completa de Lucas Verzola, clique aqui.

Prêmios, imprensa, comentários

“O livro do Lucas é um achado. Usando fotos de família – é impresso como um álbum de retratos –, ele cria ficções em que desnuda o país ao rés de um chão próximo da fábrica, do barulho de uma bomba na campanha da Itália, das inúmeras famílias que pavimentaram o século XX com traições, desenlaces, amores partidos. São contos curtos, maiores que o micro, próximos do melhor do Ruffalo e de Marques Rebelo, o que não é pouca coisa. Como esquecer Ronilson de Freitas? Bom demais.”– Mateus Baldi

“Um livro-álbum bonito demais. Um conjunto de biografemas, um acervo narrativo-fotográfico, uma memória-fragmento (como toda memória), reinventada na linguagem. Um projeto gráfico-visual impecável, atento ao projeto de escrita do autor. Infelizes à sua maneira, de Lucas Verzola, é um pouco sobre isso, mas é muito mais, pois a forma e o sentido (também em relação ao próprio objeto-livro) se realizam muito bem. Que beleza de trabalho da Editora Incompleta.” –– Giovanna Soalheiro

“Nesse livro, que tem a forma de um álbum de fotografias, Lucas resgata umas fotos tão maravilhosas quanto são as fotos das famílias alheias, e vai, em contos curtinhos, inventando cenas, casos, caos e tensão para cada uma. É um ponto de partida genial, porque em cada foto parece que tem os elementos do conto em estado bruto: olhares ancestrais, a relação entre as pessoas, aquele passado ruminado, e roupas, e gestos, e incômodos, e até umas esperanças. É pura memória, erguida ali ora de crueldade ora de doçura, como são feitas as memórias familiares. E o texto do Lucas é tão chique que eu até superei a minha proverbial birra contra livros na horizontal. Meu livro mora na mesa da sala, e gosto de abri-lo como um perverso oráculo e voltar a ler a história das personagens arrancadas da foto, como uns pequenos vodus que ganham seu encanto e sua maldição.” –– Ana Lima Cecilio [A Lábia]

“Tenho gostado muito dessa tendência contemporânea de aumentar o contorno de histórias familiares, que acabam sendo uma espécie de historiografia, cheia de nuances e estilo, de um tempo que gerou muita gente boa e outro tanto de nefastos, em um palco de arquitetura fugidia e ambientes que agora existem apenas se forem relatados. Claro que há algo de Tolstoi aqui, mas relido à luz das experiências de Sophie Calle e sobretudo Annie Ernaux. No Brasil o livro dialoga com experiências recentes de Felipe Charbel e Ieda Magri, muito bem-sucedidas também.” –– Ricardo Lísias 

“Eu já tinha lido um romance que fazia esse diálogo com o trabalho documental e o fotográfico. O trabalho de Verzola é diferente. Os textos não buscam fidelidade com as imagens e com o acontecido. Por mais que parta do registro imagético, o texto é ficcional, ou seja, é literatura em máxima potência, é criação, e não descrição de vidas passadas. […] O livro-álbum está lindo. As histórias são instigantes e exploram a vida privada e pública da cidade de São Paulo ao longo do século XX, com as suas contradições sociais, incluindo a imigração e o conflito entre centro e periferias. Acompanhando os contos de Verzola, conseguimos visualizar as razões de termos chegado até aqui e a farsa do liberal na economia, mas conservador nos costumes.” ––  Alan dos Santos

“Uma ideia criativa que foi bem executada, principalmente pelo resgate de um Brasil nem sempre verdadeiramente representado nos livros de História e pelas histórias que nascem do contraste entre o caráter memorialístico das imagens e a interpretação puramente ficcional do autor. Destaque para o cuidado da editora com o acabamento gráfico deste lançamento e o posfácio de Felipe Charbel, elementos que valorizaram ainda mais a obra. No entanto, a melhor definição vem do próprio Lucas Verzola quando iniciou o projeto, sempre com o humor refinado que é uma característica do seu estilo: “Recomendado para quem procura exorcizar fantasmas, é portador de fobia de laços consanguíneos, vem de linhagem torta, tem ascendência questionável ou quer vingar sua estirpe”.” –– Alexandre Kovacs [Mundo de K]

“O escritor paulista construiu uma das boas surpresas deste ano. […] Verzola elege como campo tudo que não é banhado pela claridade imutável da felicidade. Dispostas com o texto, e sendo texto, essas pessoas e suas poses parecem a todo tempo desejar exceder os limites da moldura – um movimento duplo, portanto: estar na foto e rompê-la.” –– Mateus Baldi [O Globo]

“A nossa percepção do tempo nos diz que as imagens vieram antes, ou seja, Lucas abriu um baú e o caminho a gente já sabe, estamos com o livro em mãos. Mas não acho que seja tão óbvio quanto parece, nada me garante que o texto não é a câmera que construiu a imagem. Lucas criou, muito habilmente, um buraco de minhoca! Que confusão maravilhosa.” –– Carla Piazzi

Trechos

Leia o conto “Recenseamento”, de Infelizes à sua maneira, no Jornal Nexo.


 

“Não devia nada de crescer. Contrair o tempo, condensar uma década num segundo, capturar esse segundo com uma rede de caçar borboletas e, com a ajuda de uma pinça de madeira, colher o espécime e acomodá-lo numa caixinha de cerâmica com o interior revestido de seda. Selar bem.”

“Passou a chave na porta e se alguém insistisse em bater é que o estômago doía um pouco, mas era o coração. No reflexo do espelho, as gotinhas de suor amontoadas no buço. Passa o papel higiênico e nada, ainda se enxerga tão errada. A franja quase no olho precisa de um corte. As bochechas tinham que ser tão rechonchudas? A barriga é só puxar um pouquinho pra dentro da calça que a cinta dá conta. Queria ser certa.”

“Quando viu Jacinto no bonde cobrando as passagens, até virou o rosto pra desviar. Virou nada, se levantou. Gostou de ver Jacinto, os mesmos sapatos, mas de uniforme. Deixou escapar, dando licença à madame distinta que queria um assento, que ainda saía do colégio na mesma hora: passa lá. Hoje não dá, que era cobrador, mas iam aposentar os bondes no final do mês e ele tinha sido escalado pra última viagem. Os olhos brilhavam, os quatro.”

“Se me levar pra passear era um álibi perfeito quando eu era incapaz de entender e repetir aos adultos o que havia feito poucas horas antes, deixei de sê-lo na primeira vez em que chegamos de um passeio, eu todo empolgado pra contar à mamãe os mínimos detalhes daquela tarde de domingo entre filho e pai. No caso, entre filho, pai e amante.”

“Quase todas as outras mesas estavam vazias, mas o Del Rey do Élcio tomava sereno lá fora. Cara amarrada passada larga violão nas costas, Ronilson de Freitas saiu de uma portinhola ao lado do palco e pretendia cruzar batido o salão onde horas antes fora aplaudido de pé, mas um rouquido o interpelou. Voz de homem fingia não ouvir. A patroa não esperou à toa que o senhor tomasse banho trocasse roupa penteasse cabelo encharcasse colônia. Ronilson de Freitas era famoso nos jantares dançantes da zona norte. Ronilson de Freitas não sabia lidar com a fama.”

“O que eu nunca me esquecerei é de como ela pronunciava o nome do bairro, como quem revira uma pedra cascuda de um lado para o outro da boca.”

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